quinta-feira, janeiro 27, 2011

Não me perguntem sobre minha tese...

Lembram-se desta frase? Quem já passou por uma tese de mestrado sabe do que estou falando... essa sensação de querer ver uma luz no fim-do-túnel, de querer acabar com o que acaba com você (por mais apaixonado que você possa ser pelo tema que te consome), de colocar um ponto final numa idéia que iniciou com um ponto de interrogação (que normalmente se desdobra em inúmeros outros pontos de interrogação...  ilusão a sua de que "pontos finais" existam em ciência). Daí vem esse chavão que acompanha os momentos finais - intermináveis nos parecem - da construção de uma dissertação (ver aqui outro "post" a respeito).

Toda esta introdução para justificar a presença de uma "peça" que tirei do fundo do baú: um simbólico desabafo que consta num das páginas iniciais da minha dissertação de mestrado e que foi resgatada hoje enquanto revisava a dinâmica colorida de alguns cromatogramas* (será que existe mais alguém no mundo capaz de se emocionar frente a uma dança de cromatogramas?):

TENTAÇÃO

TENTO HORAS, SEMPRE E TANTO

MAS SÃO TANTAS HORAS E TANTOS TENTOS

QUE ME DESCONTENTO E TANTO FAZ,

SE FEZ, SE DIZ, SE QUIS

SER SEMPRE TÃO FELIZ...

MAS TANTO QUANTO POSSA,

VOLTO O VER-TE RICA ENFIM, ME ENCANTO:

GIRA, PISCA, GRITA E BRIGA!

VEM DE NOVO E TOME TENTO

E TENTE O TEMPO TODO E SEMPRE

E TERMINE O QUANTO ANTES POSSA

A ANGÚSTIA DO APRENDIZ SEDENTO

QUE DECIFRA A BIO-HISTÓRIA ESCRITA

COM SEMPRE AS MESMAS QUATRO TENTATIVAS

QUE SÓ A VIDA, FAISCANTE CHAMA, PRODUZ.

O texto data de 15 de outubro de 1997, defendi a tese em 06 de janeiro de 1998, então dá para imaginar mais ou menos o momento do processo em que eu me encontrava :)
 
Estava naquele estado em que se quer acabar a dissertação, mas não necessariamente com o trabalho! A escolha de continuar esse trabalho é uma afirmação diária que me acompanha desde algum momento do curso de graduação em Ciências Biológicas até hoje.
 
Hoje - revisando alguns dados de sequências nucleotídicas - confirmei novamente meu fascínio por esta estrutura que é a molécula de DNA e o modo como ela se constrói e desconstrói numa dinâmica estrutural que abriga desde mutações pontuais a violentos rearranjos. Abriga também trechos conservados, que são homólogos entre amplas extensões taxonômicas (desculpem-me os taxonomistas de plantão se subverti a linguagem aqui...) e contam a história das relações evolutivas entre diferentes grupos de organismos.
 
*cromatogramas ou eletroferogramas são representações gráficas do resultado de um sequenciamento de DNA, em que os diferentes nucleotídeos de uma sequência são representados por picos de diferentes cores (mais).
 
As vezes bate uma nostalgia...
 
ana claudia

2 comentários:

MK disse...

Marcos disse, como também tenho certeza que o Edgard também teria dito:

Ia estrear um pequeno comentário meu no "Divagando... divergindo... dialogando?" mas, após, vi este outro post.

Acredito que muito mais do que comentar sobre era da informação X a necessidade da era da comunicação, o motivo de um comentário de quem de vez em quando vem por aqui ler os posts certamente é o da nostalgia. Pois entendo muito pouco dos assuntos daqui, apesar de gostar deles (deve ser pelo meu passado que tentou ser científico e que hoje em dia soa mais como ficção científica).

Possivelmente, outro bom motivo deste post são pelas datas que ocorrem neste ano.

Mas resolvi postar e o conteúdo são: nostalgia e elogios.

Acredito que a nostalgia já nos toma conta quando nos lembramos daqueles amigos do passado que estão sempre presentes, mesmo que nas lembranças (todas elas ótimas).

Os elogios são pela iniciativa e pela admiração àquela que acredito que deveria também tornar-se escritora.

Nostálgicas lembranças dos amigos ausentes mas de vez em quando sempre presentes.

Brasília, DF.

via gene disse...

Querido amigo!
É um enorme prazer ter o privilégio de um comentário seu por aqui. Esse espaço é como uma varanda, de onde converso sobre o que vejo por aí e que me intriga ou me conquista em genética; mas também é um espaço ótimo para receber amigos e lembranças. As lembranças deste "post" me remetem a 1997... as suas a 1989 em diante!! Dentre as imagens inesquecíveis surgem uma motocicleta e dois ensopados; um papai-noel; coral na rodoviária; sukiakis e churrascos e aulas de cálculo I compartilhadas pelos cursos de geologia e química... quantas transformações desde então, mas ainda nos reconhecemos perfeitamente, não? Enquanto a memória não falhar (como vc lembrou, os valores são "redondos" neste ano!), sigo "sofrendo" desta nostalgia periodicamente! Obrigada pelos elogios e pelo "revival"! Sucesso sempre! ana
Lembranças ao Edigas!